Junto com dois colegas, Thiago Barros (Professor da Universidade Federal de Ouro Preto, no Brasil) e Julian Cardenas  (Universitat de Valencia, na Espanha), nós trazemos resultados de uma interessante pesquisa sobre como as redes corporativas influenciam a propensão da companhia optar por realizar aquisições (M&A). Este estudo investiga o efeito das conexões entre empresas ocasionadas pelo compartilhamento de membros de conselhos de administração (board interlocking) sobre a realização de operações de fusões e aquisições (M&A) por empresas listadas no Brasil nos mercados doméstico e internacional. Nós coletamos dados relativos a 153 grandes empresas brasileiras no período 2000-2015, e usamos técnicas de análise de redes sociais e regressões. Nosso estudo aborda a hipótese: board interlocking reduz a assimetria de informação em M&A, levando empresas com maior número de laços (centralidade de grau) a ter maior probabilidade de participar em M&A. 

Os nossos resultados sugerem que firmas que possuem maior número de laços com outras firmas (maior centralidade de grau no âmbito da rede de relações corporativas por meio de membros dos conselhos de administração) por meio de board interlocking têm maior probabilidade de realizar M&A. Outras medidas de posicionamento da companhia na rede de relações corporativas (como proximidade, intermediação e lacunas estruturais) não apresentaram impacto significativo sobre a probabilidade de participação da companhia em deals de M&A. Este estudo examina o impacto do board interlocking sobre a propensão das empresas para realizar fusões e aquisições, e para tanto considera a influência de variáveis ​​financeiras, de governança corporativa, e de governança em nível de país no modelo empírico testado. Nosso trabalho também contribui ao identificar os determinantes das M&A realizadas por empresas sediadas em países emergentes como o Brasil, que um dos grandes participantes em processos de M&A em nível internacional.