Golfe como Inovação no Ensino de Finanças: Relato de uma Experiência Pioneira
O engajamento de estudantes em programas de ensino de finanças tem sido gradativamente algo mais demandado por docentes e gestores de instituições de ensino. A prática esportiva parece ser uma alternativa importante de metáfora para ensino de disciplinas de negócios, incluindo-se finanças. Em países mais industrializados o golfe é mais frequentemente praticado. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem mais de 1.000 universidades nas quais os estudantes competem no golfe. Contudo, ainda que seja visto como contributivo para as carreiras de negócios, o golfe ainda é virtualmente ausente dos currículos das escolas de negócio ao redor do mundo, pelo menos não este primeiro semestre de 2023 na FGV EAESP.
Associações entre golfe e negócios não são novidade na literatura. A prática do golfe, além de permitir uma alternativa de meio de ensino de finanças, pode estimular concomitantemente habilidades cognitivas e motoras relevantes à saúde, e ainda constituir-se poderosa ferramenta de acesso a redes corporativas informais, aspecto particularmente relevante nas situações em que o indivíduo estiver na condição de expatriado.
Por meio da prática do golfe são realçadas extensões para aspectos comportamentais da decisão em finanças, no nível da Graduação em Administração de Empresas. Com base em uma experiência real com 30 (trinta) indivíduos, foi conduzido um programa de 60 horas de estudo, integrando noções de golfe e fundamentos da dinâmica de decisões financeiras, nos contextos individual e corporativo. O programa desenvolveu-se no Clube de Campo de Campo de São Paulo, e contou ainda com profissionais de alto nível do ensino de golfe.
A experiência ora relatada permite compartilhar ao menos três aprendizados. Primeiro, a experiência com o golfe parece promover o engajamento dos estudantes, trazendo-os à reflexão de seu comportamento em ambiente externo ao escolar, em atmosfera de mundo real corporativo. Segundo, a partir da experiência, foi possível perceber que as regras, explícitas e implícitas do golfe podem desempenhar o papel de importante ferramenta e meio de ensino de finanças na gestão de alto nível. Terceiro, conforme survey com a turma de participantes, pode ser viável abordar aspectos de personalidade e de sociabilidade relevantes ao profissional de alto nível gerencial.
A experiência permitiu-me ao menos três aprendizados, destaco ao menos três. Primeiro, tendo em vista a relevância de aspectos comportamentais para o desenvolvimento da qualidade das decisões construídas e tomadas em finanças, parece relevante buscar meio de conferir contextos que permitam a melhoria das decisões financeiras a partir do entendimento de aspectos comportamentais na alta administração das empresas. O golfe pode ser uma ferramenta importante para tal, sendo passível, inclusive, de compor a estrutura curricular de disciplinas da área de negócios, incluindo-se área de finanças. Segundo, tendo em vista a atmosfera sob a qual a prática do golfe ocorre, o indivíduo é exposto à influência do meio ambiente, à convivência em grupo, à necessidade de assumir comportamento transparente e honesto acerca de seu jogo (mesmo que não esteja sob fiscalização). Terceiro, temas modernos de finanças sustentáveis podem ser alvo preferencial de abordagem em programas de Golf Finance, e.g.: ESG, compliance e ética, greenwashing, governança corporativa, comportamento sob risco, entre outros tópicos de finanças conectados com a prática do golfe.
Eu agradeço ao Banco ABC Brasil pelo apoio na realização do experimento a partir do qual o presente estudo foi viável, especialmente ao Vice Presidente José Lalone. Agradeço à Hand Atelier pela gentileza de desenvolver, executar e oferecer trofeu que fez parte das motivações para o engajamento dos participantes desse Programa. Sou grato aos Professores Paulo Terra, Nelson Barth e Zilla Bendit, aos Srs Paulo Gozzi, Márcio Juruna, Mariano Manzano que colaboraram nesse programa. Agradeço ao TC Radson A. Matos, por compartilhar conhecimentos em decisão sob risco extremo, e ao TC Fausto A.S. Pontes pelas atenciosas revisões. Eu reconheço o suporte institucional da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP). Agradeço aos amigos da BYU Marriott School of Business, Ted Christensen (atualmente na University of Georgia), Jeff Wilks, David Wood e Scott Summers, que me gentilmente convidaram para assistir a uma de suas aulas de finanças e contabilidade via The Pit Crew Challenge, em meados de 2014. Obrigado Robi, Alessandro, Juanito, e Sadao, pela competente e simpática interação com a turma nos primeiros passos no golfe. Obrigado Larissa, que gentilmente conduziu a gestão do processo no CCSP. Erros e omissões são de minha inteira responsabilidade.
Foi ótimo!!! Obrigado pessoal. Em breve teremos mais e melhor.
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